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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

História do Ipiranga

Breve Histórico do bairro
(Adaptado por Ângelo Távora)


A história do Ipiranga, desde o início, está associada aos deslocamentos entre a capital e o litoral paulista. Devido ao posicionamento geográfico, a região era passagem obrigatória daqueles que, vindo do núcleo central da cidade, se dirigiam aos caminhos que permitiriam cruzar a serra do mar em direção à baixada santista. Isso fez com que o bairro entrasse para a História do Brasil ao se tornar cenário do evento em que Dom Pedro I, vindo de uma de suas andanças pela cidade de Santos, decide proclamar a independência do Brasil em uma de suas paradas às margens do riacho do Ipiranga. O episódio ficou registrado no famoso quadro de Pedro Américo e na letra do Hino Nacional Brasileiro.


Independência ou Morte - quadro de Pedro Américo, Itália, 1888 (fonte: http://construindohistoriahoje.blogspot.com/2010/09/frente-integralista-brasileira.html)


Posteriormente, a inauguração da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, em 1867, permitiu que a região, até então um lugarejo nos arrabaldes da cidade de São Paulo, se integrasse definitivamente à malha da cidade.

Também por causa da ferrovia o Ipiranga começou a ser caracterizado como um bairro industrial, já que muitas fábricas aproveitavam as facilidades proporcionadas pela proximidade com os trilhos que ligavam a cidade tanto com o litoral como com o interior para se estabelecerem na região.

A região próxima ao Rio Tamanduateí era tão caracterizada pelas indústrias, que os bondes e ônibus que para lá se dirigiam tinham no letreiro o título Fábrica.

Em 1947, a inauguração da Rodovia Anchieta só viria reforçar essa vocação, trazendo uma nova leva de indústrias para a região.
Paralelamente, a Rua Bom Pastor e Avenida Dom Pedro I, ficaram caracterizadas por casarões de famílias abastadas e pela classe média que trabalhava nas fábricas ou em outros bairros de São Paulo. Enquanto isso, na Avenida Nazaré, que corria ao longo do topo da colina do Ipiranga, instituições de ensino ou caridade ligadas à igreja católica, despontavam ocupando parte do espaço.

A partir dos anos 70, por motivos principalmente econômicos, o Ipiranga começou a perder essas indústrias para outras regiões e outras cidades. Os espaços vacantes passaram a ser gradualmente ocupados por comércio, serviços e, mais recentemente, por grandes empreendimentos residenciais.

Atualmente a região desenvolve uma nova caracterização como fornecedora de serviços ao mesmo tempo que vivencia uma verticalização imobiliária em franca expansão, ambos os aspectos tem sido especialmente reforçados pela chegada do metrô, que facilita a integração do bairro com o restante da cidade e permitindo o deslocamento para o Ipiranga de pessoas de outras regiões da cidade em busca de opções de lazer, cultura e ensino.

(fonte:Subprefeitura do Distrito de Ipiranga)

                                                              


História do Museu e do Monumento
(Adaptado por Gabriel Sousa)

Com o objetivo de preservar o cenário da independência do Brasil, o presidente (como se chamava na época) do Estado de São Paulo, Américo Brasiliense, seguindo os conselhos de Alberto Loefgren, decidiu fundar o Museu Paulista ou Museu do Ipiranga. O local escolhido para a sua instatação foi o Palácio Ipiranga, destinado inicialmente a ser uma escola de engenharia. Com o intuito de aumentar o acervo, a Comissão Geográfica do Estado, responsável pela organização da entidade, comprou o Museu Sertório, fundado pelo coronel Joaquim Sertório, etnógrafo e colecionador.
Durante o governo do Bernardino de Campos, em 1895, o Museu Paulista foi inaugurado, ficando aos cuidados da Secretaria dos Negócios da Educação e Saúde Pública em 1931. No ano de 1935, passou a fazer parte da USP (Universidade de São Paulo) como Instituto de História e Antropologia.

Museu Paulista em 1902 - Sempla (fonte:http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/historico/1900.php )


A idéia da construção do Monumento em homenagem à Independência surgiu alguns meses após a Proclamação, mas demorou cem anos até ser concretizada. A primeira sugestão que se tem notícia partiu de Antonio da Silva Prado, o Barão de Iguape, juntamente com um grupo de paulistas.
As obras começaram em outubro de 1825, sendo praticamente esquecidas a partir da renúncia de D.Pedro I, em 7 de abril de 1831. A construção só voltou a ser analisadaa com a visita de D. Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina, ao local onde se iniciara a edificação do Monumento. Em 1875, durante o governo de João Theodoro, as obras foram reiniciadas.
No ano de 1917, foi aberto um concurso para escolher o arquiteto que iria encerrar as obras. O engenheiro Nicola Rollo venceu. Mas, devido a contratempos do vitorioso, o escultor italiano Ettore Ximenes foi quem finalizou a construção apesar de ter sofrido diversas críticas por parte de segmentos da sociedade. Com 1.600 m de estrutura global, 12 m de altura, 127 colunas que formam o maciço de concreto, granitos e peças de bronze trazidos da Itália, e trinta figuras em relevo relacionadas à História da Independência, o Monumento só ficou pronto em 1926.
Mas, a inauguração aconteceu no dia 7 de setembro de 1922 (Centenário da Independência), com desfiles militares, salvas de canhões e espetáculos com bandas de música.
(fonte: Jornal Ipiranga News)


 
Famílias pioneiras: Jafet e Samarone
(Adaptado por Gabriel Sousa)

Se o Ipiranga foi um forte bairro industrial a partir do início do século, deve isto a duas famílias de imigrantes: Jafet e Samarone. A primeira implantando duas unidades têxteis na região e a outra uma cerâmica. Juntas elas geraram mais de 10 mil empregos diretos. Hoje só restam os galpões das antigas fábricas de tecidos e onde era a cerâmica foram erguidos imóveis comerciais.

Benjamin Jafet foi o primeiro a chegar ao Brasil, em 1887, então com 20 anos. Ele morava no Líbano e teve um sonho de que deveria tentar a vida num outro País. Depois vieram os irmãos Basílio e João, Miguel e Nami. Benjamin passou a trabalhar com mercadorias compradas em Marselha e vendidas na região do Rio, São Paulo e Minas Gerais. Era conhecido como o mascate do Líbano.

Imóveis da Família Jafet - PMSP, 2005

Os irmãos Jafet, que trabalhavam no ramo de tecidos, notando que no Brasil havia poucas indústrias têxteis decidiram implantar uma fábrica no País e escolheram o Ipiranga, que ficava a cinco quilômetros do centro. A área escolhida era um brejo e houve um trabalho intenso para preparar o terreno e construir a fábrica, na rua dos Sorocabanos.

A fábrica se expandiu e a família instalou outra unidade na Vila Carioca, o Lanifício Jafet, também conhecido por "Jafetinho". Além da Fiação Itapeva, na avenida Presidente Wilson. A tecelagem da Sorocabanos era chamada de "Jafetão. A família trabalhou também nas áreas siderúrgicas e metalúrgicas. Com o decorrer do tempo as duas indústrias se tornaram conhecidas não só a nível nacional como fora do Brasil. Os Jafet, então, passaram a comprar grandes áreas de terras no Ipiranga e Vila Prudente.
As esposas dos diretores do grupo tinham forte atuação na área social e ajudaram na construção do Colégio Cardeal Motta, Hospital Leão XIII, Clube Atlético Ypiranga entre outras entidades. Um conjunto de prédios de apartamentos, existente até hoje, foi construído entre as ruas Manifesto e Patriotas para abrigar os operários, muitos deles vindos de outras regiões.

Com o passar do tempo as tradicionais indústrias fecharam suas portas porque os sucessores foram se desinteressando pelo ramo têxtil. A maioria das mansões da família Jafet no bairro foi vendidas e outras estão alugadas.
Em 1900 chegava ao Brasil, procedente da Itália, Américo Paschoalino Samarone que começou a trabalhar na cerâmica de um francês que acabou dando nome à regiao do Sacomã. O imigrante italiano foi recebendo promoções até chegar a sócio majoritário da indústria que ficava na região onde existe hoje um supermercado. Atrás da cerâmica existia uma enorme lagoa que ficou conhecida como "Buraco da União", e onde morria muita gente.

A cerâmica funcionou até 1950 e seu proprietário construiu um castelo à margem de um lago, onde atualmente é a Praça Altemar Dutra. O castelo foi derrubado em 1968. A família Samarone perdeu grande parte das terras devido as desapropriações pelo Estado e Município para obras do sistema viário.

Na época, contam, existia um enorme arco ligando a mansão à estrada do mar onde atualmente está a favela de Heliópolis. Naquela época, quando explorava a cerâmica, que ficava no ponto final do "Bonde Fábrica", a família construiu uma creche para os filhos de seus funcionários. Hoje os Samarone estão na quarta geração.

(fonte: Jornal Ipiranga News)

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